A Lenda das 7 Fúrias de Feywild

Há muito tempo, antes mesmo da Guerra dos Gigantes, no plano de Fey, contava-se que o plano de Fey e o plano material conviveram em paz e harmonia por muito tempo. Época em que os planos Féerico e Material tinham vastas conexões e alianças, as rotas comerciais entre os dois planos eram amplas, as trocas culturais massivas, inclusive a miscigenação era favorável e incentivada. Diversas novas raças híbridas começaram a surgir, porém, assim como todo bosque tem suas ervas daninhas, com as criaturas não seriam diferentes.

Em Fey existe uma região chamada Darkfey habitada por corruptores, um equilíbrio necessário, pois onde se vê luz precisa também se ver trevas. O equilíbrio entre criação e destruição, vida e morte ou se preferir Ouroborus. No plano material também há algo parecido com Darkfey, chamam de ambição, desprezo, corrupção e até mesmo ganância. Condições nefastas, mas que são necessárias ao mundo para reconhecermos e enaltecermos seus antológicos.

Com a união próspera dos planos novos caminhos foram trilhados em direção a tempos melhores. Raças surgiram dos cruzamentos entre as espécies, campos floriam com as trocas de tecnologia. Novos deuses eram cultuados e doenças foram curadas, o que antes eram sentenças, agora eram apenas percalços. Um novo sol brilhava a todos, porém, como já dito, toda vez que uma luz brilha uma sombra surge.

Em Fey, um gigante Fomoriano chamado Norrix Brevil atiçou as hordas com o pretexto da justiça. Mesmo seres corruptores sentiam o desfavorecer da aliança do outro lado. Sendo declarado Rei por aclamação popular dos moradores de Darkfey. Norrix proclamou sua posse sobre os territórios Feéricos dizendo;

-Aqueles que governam não são dignos de seu ofício e a união entre os planos é repugnante. Se houvesse uma junção entre os planos deveria ser Fey dominando e oprimindo o plano Material, já que este é habitado por seres inferiores e não dignos.

O totalitário Norrix, motivado por sua xenofobia e sede de poder, lançou investidas aos territórios que não cediam à autoproclamada liderança. As hordas sem aviso começaram uma guerra, assentamentos, vilas, cidades e reinos inteiros, nada fugiria da ira do novo conquistador. Com a chegada das notícias a ameaça se estendia a todos e mostrava-se implacável, somente podendo ser retardada pelas preparações e fortificações daquilo que estava entre ele e seu objetivo final.

Uma aliança foi forjada, não por vontade e sim por necessidade, apesar da boa convivência e a ampla miscigenação, ninguém gosta de perder seus semelhantes, por motivo algum. A guerra era de Fey, mas os habitantes do plano Material sabiam que a ira de Norrix não se satisfazia apenas com os Feéricos. O risco era de todos, exércitos se uniram, lideranças surgiram e a incerteza pairou no ar como uma cortina densa de pesar. Deste caos nasceu a Liga de Kalyxt, batizada com o nome de uma das divindades estrangeiras que representava a perseverança, ou seria a vitória, ou morreriam tentando.

Em Nova Sandar (Emyr-in-Oyl), uma humana recebeu certo destaque entre os habitantes. Elina, uma antiga escrava das savanas de Zagham, uma região do plano material, que ainda não era um Império, porém, ainda assim, uma região habitada por tribos perigosas onde as guerras e escravidão eram rotinas.

Durante expedições comerciais Elina Amara foi levada ao plano de Fey para ser comercializada, porém, escravidão não sendo vista com bons olhos por aquele povo, acabou por ser comprada, liberta e empregada. Elina antes de ser escrava vinha de uma linhagem de grandes guerreiros tribais, e tinha no seu sangue a aptidão à luta, entretanto não foi o suficiente para impedir que se tornasse um espólio de guerra e escrava. Mesmo cativando a todos com sua beleza exótica, Elina não era uma figura que se veria facilmente em véu e grinalda, ela tinha uma personalidade muito forte e independente.

Após alguns meses de serviço ela conseguiu juntar a quantia de dinheiro necessária, Elina decidiu se alistar no serviço militar de Nova Sandar, como uma forma de agradecer a terra que a libertou e acolheu. Decidiu trabalhar em benefício daquele povo, mesmo que como uma soldado. Em meio a elfos hábeis, Elina destacou-se por sua fortitude e constituição implacáveis. Juntou-se a um pequeno regimento chamado “Guarda de Nothumbred”, e ali encontrou uma família entre os soldados. Elina sempre gentil e prestativa acabou por conquistar os cidadãos, mesmo que “estranhando” sua pele negra e formas corpulentas atípicas para aquela região.

Na região a guerra aproximava-se. O Arauto da praga, fiel guerreiro e trunfo de Norrix, contratou hordas de redcaps para formar armas de cerco e atacar as cidades. Prevendo o risco de um movimento ousado, os membros da Liga de Kalyxt e a Guarda de Nothumbred, liderados pela grande Keishara Sinaran e pelo comandante Nathaniel Hebrenburg lançaram uma contra ofensiva desesperada, a fim de frustrar o ataque inimigo.

Conseguindo um posto avançado e posteriormente a conquista da batalha, uma fagulha de esperança surgiu no coração da Liga. Um sentimento forte que nunca havia sido sentido antes, com a notícia da vitória e da queda do arauto, a esperança crepitou no coração de todos aqueles que se opunham às vontades do tirano. Dando início ao fim da terrível cruzada de Norrix, o gigante fomoriano.

Durante as investidas, Elina Amara derrotou Sephiran Malum, um guerreiro épico que outrora defendia os domínios élficos com glórias conquistadas. Agora corrompido pelas bruxas do Conclave de Valvet para ceder a Norrix e utilizar a alcunha de Arauto da praga, durante o calor do combate junto de seus amigos desferiu o golpe final e a corrupção foi quebrada, não a tempo de restaurar o nobre elfo, mas sim de ouvir suas palavras finais;

— Aqui me vejo, nos campos que fui criado e defendi, com o sangue embebendo meus pulmões e com ar que me é tomado, mesmo que seja punido e culpado, Yllinari – O Assolador me deixe pronunciar minhas últimas palavras. Humana eu lhe agradeço, tenho a culpa em meus ombros e a dívida em minha consciência por deixar-me ser corrompido, porém, por um ou por outro a morte sempre vem. Na guerra não há certo ou errado, apenas o vencedor e o perdedor. A prosperidade sempre tem um preço a pagar que fazem até uma alma pura como a sua ser fragmentada ao matar. As contradições do destino agora seguem aquela que não desferiu nem seu primeiro, nem seu último golpe para cessar uma vida, minha maldição agora será sua.

Elina, imbuída dos sentimentos de fúria e vingança, mal conseguiu ouvir e só pensou nos terrores que vira e o motivo de estar ali. Percebendo a situação Sephiran já derrotado e sem forças, entregou-se à fúria e desferiu o golpe de misericórdia redentor. Neste cenário, aos poucos o que era chamado de paz volta àquelas terras, aos passos que as hordas são derrotadas e os corruptores se resguardam mais uma vez em Darkfey.

Após as guerras, os reinos se restituíram em Nova Sandar, lar de Elina que iniciou a vitória contra Norrix, um novo monarca e outorgado. Rei Zaff Deamonne , um elfo alto, esguio de cabelos brancos e compridos, marcas faciais severas devido ao seu quase um milênio de vida, consequentemente tinha sabedoria e experiência elevada.

Mesmo sendo o mais indicado por suas capacidades ao trono, sabia que não era popular. Não possuía apoio nem das forças militares, nem da população que constitui o reino. Um reino sem população é apenas um devaneio, um rei sem apoio é apenas um homem sob uma cadeira. A família Deamonne era uma família de sangue puro, inclusive incentivando casamentos dentro da própria família, para preservar sua linhagem.

Zaff precisava se desvencilhar deste estigma, e sabendo da popularidade de Elina decidiu investir na jovem humana. A cativa tinha riquezas e posses, utilizava-se também de um passado glorioso em combate e Zaff a convencendo que junto a ele poderiam restabelecer as glórias de sua extinta tribo fez seus olhos brilharem. Ele usou toda sua malícia para que Elina caisse em sua graça a corroborasse com seus planos para ascender ao trono com grande aprovação do povo, dos militares e dos nobres.

Elina que já havia passado por fome, necessidades e inúmeras humilhações enquanto escrava, viu nas propostas de Zaff uma chance que nunca antes foi oferecida. Uma antiga escrava com seus temores e receios, cedeu facilmente as investidas tornando-se agora esposa de Zaff, e consequentemente rainha de Nova Sandar (Emyr-in-Oyl). Seu casamento foi belo e regado de luxos, Elina vivia realmente o sonho de princesa que nunca foi seu, já que era uma guerreira tribal. Elina garantiu com essa mudança que os horrores da vida nunca voltariam para atormentá-la.

O sonho de princesa logo virou um pesadelo. Elina se viu no inferno novamente, contudo agora em uma situação diferente, pois o Rei após conseguir a aliança que desejava mostrou suas reais intenções. Exercendo seu poder e oprimindo a população, a corrupção real aflora como uma praga, impostos demasiados com o pretexto da reconstrução, extorsões pelos representantes reais e tudo por culpa de Elina.

A mulher tentou se rebelar contra a situação, mas se viu de mãos atadas com as ameaças de represálias do Rei. A população se afeiçoou a Elina e a acolheu, trataram ela como família e agora ela fracassava em defender os ideais dessa família que a acolheu. Zeff viu em sua esposa a personificação da nova era que abrangia o plano de Fey, era esta que ia contra ele e sua família, com opiniões e um ideal da sociedade, incluindo a eugenia.

O Rei a vendo como culpada e sabendo de seu controle sobre a situação e sobre Elina, começou a cometer atrocidades com a rainha, torturas, estupros e humilhações passam a ser o cotidiano da pobre moça. Querendo quebrar o espírito de Elina, e assim conseguir as mudanças que deseja, o Rei se enfureceu pela postura implacável da nobre guerreira. Elina mantém-se firme a fim de não piorar a situação dos populares do reino que chegou em tal situação por sua culpa, mesmo contra sua vontade e de forma inocente.

Passou-se um ano e a união dos planos começou a cessar. Com ânimos ainda aflorados, os monarcas e a alta corte de todos os reinos veem como importante a separação dos planos a fim de manter a paz e não correr o risco de novas empreitadas como as de Norrix Brevil.

No ano seguinte, já com a separação completa dos planos, uma iniciativa iniciou-se e todas as cortes começaram a requerer caravanas. Entre os monarcas, para promover união e afinidade entre os planos de Fey, apesar da desvinculação em ambos os lugares, estrangeiros decidiram manter-se, pois se identificavam mais com as novas realidades do que as de nascença.

Durante as caravanas, Elina foi levada por Zeff como um troféu, uma alma livre e indomável que agora fora dominada por um monarca. Uma guerreira formidável que ostentava o título da derrota do maior general de Norrix Brevil, mas que agora não passava de um brinquedo, uma espécie de escrava novamente. Para Zeff era o símbolo da importância da pureza das raças e da superioridade das raças Feéricas.

Em uma dessas caravanas, Elina por meios dos criados, a quem tinha total lealdade ficou sabendo de um bruxo famoso chamado Casimir Ory. Um tiefling de pele arroxeada com diversas rugas, uma corcunda protuberante e aparência cadavérica, mas com a vida garantida apenas pelo movimento da respiração e lentos movimentos. Com a ajuda dos criados, Elina fugiu e foi visitá-lo sob a promessa de que o mesmo tinha informações dos deuses, podendo assim ajudá-la.

Durante a visita, Elina foi envolvida em um ritual, os tecidos arcano e vital puderam ser sentidos pairando no ar em uma simples cabana em meio a floresta. A Rainha destoava-se da paisagem, com roupas finas e joias ricas em uma cabana humilde de madeira no ventre de uma floresta escura e inóspita. Apesar das torturas e atrocidades que sofria ainda precisava manter as aparências, durante os rituais o aspecto do bruxo começou a se alterar, ele não ficava mais curvado e sua pele começou a reter mais cor, sua aparência agora exalava vitalidade.

O bruxo se pôs a incorporar e sobre sua imagem uma silhueta podia ser percebida, uma aura em forma humanoide. A cabana agora parecia transportar-se para outra dimensão. As chamas das tochas tremulavam de forma diferente, pareciam lentas como se o tempo parasse. A voz do bruxo foi se alterando de acordo com o que ele pronunciava em seus mantras, seus passos e postura igualmente enquanto realiza sua dança, até que finalmente a presença de Céfalos – O Justo pode ser sentida e sua aparência notada sobre a aura que envolvia o bruxo.

– Elina filha furiosa, você revoltou os deuses se negando a todas as suas penitências e chances que lhe foram dadas. Virou as costas a todos os sinais e cometeu todos os sete pecados proibidos. Eu vim lhe avisar que sua realidade é fruto de suas próprias transgressões, as reações destinadas aqueles que almejam o que não é deles, que cometem os erros e pecados imperdoáveis.

– Por 7 vezes você pecou, o primeiro pecado foi ainda inconsciente, quando matara sua mãe ao te dar à luz, sua penitência foi viver sem o amor materno. O segundo pecado foi quando ainda nova vendeu o gado de sua tribo e mentira que havia sido roubado, sua penitência foi a temporada de seca e fome que atingiu sua tribo. O terceiro pecado foi entregar seu irmão quando os invasores chegaram a sua tribo para safar-se, sua penitência foi a vergonha de ser escravizada. O quarto pecado foi a avareza e gula ao negar-se a dividir o alimento que conquistara nos campos em que era obrigada a lutar, apesar de pouco era o suficiente para todos, sua penitência foi a viagem a um novo plano. O quinto pecado foi a ganância de abandonar a vida simples que lhe foi dada de presente, pois aqueles que a libertaram você os abandonou mesmo sabendo de sua necessidade para que pudesse ganhar mais, unindo-se às legiões de guerreiros. Os sexto e os sétimo pecados foram cometidos juntos e pela mesma fúria, matar aquele conhecido como “Arauto da Praga”, além de tomar a morte para si como de forma pessoal e não mais por um propósito maior. Você não deu a chance de um guerreiro igual a ti fazer suas preces sendo que o mesmo não lhe empregava mais riscos e evocou uma divindade. Cega pela fúria você selou o seu destino.

– Como uma divindade da justiça igualmente aos seus erros, eu entendo que os sinais divinos são vagos e que muitas vezes as circunstâncias a levaram a tais situações. Entretanto, isso não é o bastante, não para sua absolvição. O que está vivendo hoje, originado por ganância é o resultado de sua sentença, mas eu intervi em sua absolvição. Como seu último pecado foi a fúria, e por sete vezes você pecou, por sete vezes você será testada. O primeiro teste e a abdicação, você manifestará sua fúria contra seu algoz abdicando de tudo que ele lhe trouxe, incluindo suas próprias vestes que escondem as marcas das consequências de seus erros em seu corpo.

Como um passe de mágica, com um movimento rápido que não condizia com as capacidades daquele corpo, o bruxo arrancou as roupas e joias da mulher sem nem ao menos tocá-la. Pairando sobre o ar, ele se dirigiu em direção a um recipiente repleto de areia que crepitava fogo negro alimentado por chamas que agora pareciam ganhar vida.

– Para o castelo você não mais voltará, tão pouco para sua caravana. Peça aos criados que a acompanharam até aqui para levarem-te de volta ao reino. As populações você deverá juntar-se e por mais seis vezes a fúria irá se manifestar e o Rei você irá derrubar, mas se lembre que a partir de agora como uma miserável você viverá. Caridade e ajuda não deve aceitar, mas o acolhimento e amizade ainda é permitido, você errou, mas o povo irá libertar. Antes que possa ir, isso deve levar.

As chamas negras se esvaíram do braseiro e a atmosfera pareceu voltar ao normal.

– Dentro deste caldeirão 2 grilhões lhe esperam, simbolizam a prisão que a cobiça lhe trouxe. Como braceletes, será a única coisa que deve usar. Minha criança, nós sempre olhamos por você e por todos que aqui estão, e desta vez não será diferente. Lemos sua alma e sabemos que é isso que você deseja. Esses braceletes irão lhe ajudar e são a manifestação de suas reais intenções, pois vem de si mesma.

Na areia quente do braseiro, Elina buscou com suas mãos encontrando dois grilhões. Os grilhões de ferro simples como destinado aos escravos tinham uma peculiaridade, em cada um 7 pedras de safiras cravejadas e fundidas ao metal repousavam. Elina os vestiu, agradeceu ao bruxo e a Céfalos – O Justo, se despediu e com a ajuda dos criados partiu de volta para Nova Sandar (Emyr-in-Oyl).

Como prometido pela divindade, a população a recebeu e a acolheu, a recebem ainda como uma celebridade, como alguém superior quase digna de devoção. Causou espantos ao estar vivendo como uma miserável, mas diferente do que viam do alto da sacada do castelo em suas raras aparições junto ao Rei, agora emana um semblante leve e feliz.

Elina fez questão de desvencilhar-se da imagem que a população tinha, e como em uma inquisição confessa arrepende-se de seus pecados contando sua história e incitando multidões à rebelião contra Zeff. O Rei tirano sabendo da revolução que se proliferava em seus domínios, trata de voltar ao reino a fim de remediar os ideais desencadeados no coração dos plebeus.

Comandados por Elina a população marcha e aos poucos vai libertando as áreas da cidade que estavam sobre o poder da coroa. Muitos dos soldados ao verem a imagem de Elina no comando das legiões que avançavam, com a memória da guerra fresca em suas mentes, desertaram e juntaram-se a revolução. A cada vez que Elina desfere sua fúria uma das esmeraldas de cada bracelete se quebra.

Restando apenas uma esmeralda em cada um de seus braceletes, o cerco ao castelo onde o Rei se refugia aperta. São poucos os soldados que ainda se mantêm fiéis à coroa, contudo, a tomada da corte era inevitável. Na calada da noite, assim como foi quando Elina e a Guarda de Nothumbred avançaram para derrotar o arauto, a revolução avançou ao castelo, como último movimento para a queda do Rei.

O conflito se apertou e mesmo com poucas forças a favor da coroa o combate ainda foi duro pelos recursos e as fortificações da fortaleza que apesar dos esforços caiu. Elina conhecendo bem o castelo onde viveu seu inferno pessoal por 3 anos, foi a primeira a chegar aos aposentos reais. Zeff como medida desesperada tentou explorar as feridas mentais afligidas por ele a Elina para reaver o controle a quem outrora já esteve à sua mercê.

Elina se manteve implacável e resiste às magias fracas do Rei, todavia as tentativas de controle despertaram as dores que vivera e o sentimento de desespero que sentia. Com o espírito incendiado e tomada pela fúria, pecou novamente. Negando o julgamento de Zeff por seus pecados contra o povo e para que a justiça fosse feita perante toda população, inclusive ela mesma. Elina decide matar lentamente e de maneira impiedosa o Rei Zeff, torturando-o de maneira sádica até seus últimos suspiros de vida.

Assim que a vida do Rei se esvai, Elina inspira o ar mais puro que já respirou, ao ver a carnificina que a afronta do corpo sem vida que foi ceifada por ela. Neste momento seus grilhões se quebram e por um breve momento ela pode sentir alívio e redenção por pensar que sua missão havia sido cumprida.

Antes que pudesse comemorar, um peso esmagador infligiu seus ombros a jogando contra o chão. Elina atingiu o piso frio de pedras ornamentadas, já sem vida. Quando os rebeldes chegaram ao objetivo já não podiam fazer nada a não ser observar o corpo de seu antigo monarca retalhado e Elina caída ao chão se desfazendo em pó.

Nos grilhões recuperados a última safira mantinha-se intacta e uma inscrição ainda podia ser lida no interior da peça; “pecado é viver pela lei dos outros, divino é viver por suas escolhas mesmo que isso signifique se tornar um miserável.” Elina, ou que restava dela, é levado pelo vento através de uma abertura da sacada onde era exposta ao público no passado, de fora os populares nos pátios do castelo testemunharam a ascensão do pó aos céus de Nova Sandar.

A história de uma escrava que encontrou a liberdade e fraternidade longe de seu berço, que lutou e libertou uma terra que se tornou sua. Tirando da mão de um tirano para entregar a outro, contudo acabou por redimir-se de seus pecados, libertando o povo que a tratava como igual, e assim transcendeu o tempo.

Sua história foi interpretada de muitas formas, pois muitos viram o grilhão sem correntes, o símbolo máximo de liberdade, pois as correntes foram quebradas mas os grilhões se mantiveram para lembrá-la de como exercê-la. Outros, que as esmeraldas cravejadas simbolizavam a prisão que o dinheiro e o poder podem trazer. Há ainda aqueles que interpretam que os pecados aprisionam a alma dela a este lugar através dos grilhões.

Para muitos as penitências de Elina foram uma maldição, para outros uma provação para se tornar digna do panteão. Divindade ou não, esta é uma história que foi presenciada com milhares de testemunhas como um exemplo de como podemos nos corromper, redimir e ascender. Uma lição que fica de seus grilhões é que devemos viver pela nossa vontade para sermos dignos e não sobre a tutela de outros que se proclamam superiores, nunca sendo escravos das vontades dos outros.

Ainda que você não acredite ou tire de lição desta história, uma coisa e inegável, Elina Amara é a santa dos miseráveis que abdicou de tudo que possuía para viver como igual por iguais e por um ideal mesmo cometendo o que ficou conhecido pela alcunha de; “A lenda das 7 fúrias de Feywild”, ou Santa Elina – A Furiosa.

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